Projecto Querença - Uma nova abordagem ao desenvolvimento do mundo rural

13-04-2012 17:52

Como minimizar o intenso processo de despovoamento do interior do País? Como valorizar os diversos recursos deste território, cada vez mais submetido ao esquecimento e ao abandono? Como imprimir uma mudança na compreensão deste mundo e, especialmente, na forma de intervir no mesmo, mais eficiente e produtiva? Como incorporar-lhe conhecimento, criatividade e inovação? O Projecto Querença pretende contribuir para as respostas a estas questões.

Introdução

São questões como as acima referidas que estão na base do Projecto Querença e que motivaram a realização da experiência piloto actualmente a decorrer nessa freguesia serrana do Algarve. Esta é, desde Setembro, a residência fixa de uma equipa de nove jovens licenciados, da Universidade do Algarve, que ali se instalaram com o propósito de desenvolver ideias que se traduzam numa mais valia para o território e para a sua comunidade e, principalmente, em oportunidades de emprego.

Sem nunca esquecer o elevado risco inerente a uma iniciativa desta natureza, dois pressupostos principais estão na base desta iniciativa e que explicam a metodologia desenvolvida para a sua implementação:

1. O território rural de Querença – bem como o de muitas freguesia deste País – possui numerosos recursos naturais e culturais que podem ser valorizados de diversas maneiras, e podem, até, gerar oportunidades sustentáveis de emprego;

2. É imperioso envolver massa crítica qualificada, jovem, criativa, empreendedora e, especialmente, externa ao “sistema” (sem dependência de subsídios, relações políticas, etc.) para explorar as potencialidades deste território. São precisas soluções novas, para resolver velhos problemas!

A experiência do Projecto Querença e o desafio que representa, assenta nestas ideias-chave. Durante 9 meses uma equipa multidisciplinar de jovens universitários, licenciados e mestres, instala-se numa determinada aldeia para aí porem em prática todo o seu conhecimento na busca de soluções e projectos que possam gerar riqueza local e, especialmente, oportunidades de emprego para os próprios. O trabalho em rede, a criatividade, a experimentação, o envolvimento da população local, a inovação, o trabalho árduo são as peças mestres na condução desta missão.

O início

Em meados de 2011, após uma prévia avaliação do potencial do território, ao nível de recursos naturais, agrícolas, culturais, sociais, paisagísticos, turísticos, empresariais, infra-estruturas de apoio, alojamento, etc., é lançado um anúncio na Universidade do Algarve com o propósito de constituir uma equipa de nove elementos, nas áreas da agronomia, marketing, design e comunicação, gestão de empresas, arquitectura paisagista, ambiente, ecoturismo e biotecnologia. Junto com o envio do currículo, foi solicitado uma carta de motivação aos candidatos. Desse processo resultaram 75 candidaturas, 30 das quais foram sujeitas a entrevistas. Das mesmas chegou-se à actual equipa que se instalou em Querença, para aí residirem, numa primeira fase, durante 9 meses. Estes jovens foram integrados num estágio-profissional, apoiado pelo IEFP, no âmbito de candidatura submetida pela Fundação Manuel Viegas Guerreiro. Em Setembro de 2011 iniciaram-se os trabalhos.

O Projecto em curso

Cada jovem tem a seu cargo uma missão. Esta cruza-se com a dos restantes colegas numa perspectiva de complementaridade e articulação. Assim, por exemplo, enquanto uns produzem bens agrícolas, outros trabalham a imagem, estudam os potenciais públicos consumidores e definem estratégias de comunicação e comercialização. A criatividade, inovação e experimentação são uma constante nesta linha de trabalho. Outro elemento da equipa avalia, ainda, o sucesso das acções e desenha planos de negócio, na tentativa de produzir no final um conjunto de propostas viáveis que possibilitem a criação de pequenas empresas ou projectos de continuidade.

 

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